sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Hipocrisia Cotidiana

“Quero chorar/ não tenho lágrimas/ que me rolem na face/ para me socorrerem (ou seria socorrer?)”. Como Mário Prata na sua crônica “é preciso aprender a chorar” também refuto o verso do escritor pernambucano Antonio Maria.

Este trecho traduz a angústia que sinto nesse momento ao recordar alguns fatos que permeiam o cotidiano da nossa sociedade e que são sempre pautados nos diversos meios de comunicação de massa. Refiro-me àquelas tragédias, àqueles crimes, ou melhor, a essa violência que consegue sensibilizar as pessoas, até que seja veiculado o placar de jogo do brasileirão, ou então, passe a propaganda do novo Renalt Clio.

Vendo por esse ângulo parece que o jingle “apaixonado por carro como todo brasileiro” ou o orgulho em chamar o Brasil de “país do futebol” se intensificam tanto, que as diversas crises sociais (não me refiro à crise imobiliária que afetou a economia mundial) como a miséria; que não só existe na África como é comumente pregado nas mídias, e os conflitos bélicos; que não se resumem apenas à guerra no Oriente Médio, mas também às trocas de tiros entre policiais e traficantes que são realidades nas favelas dos conglomerados metropolitanos.

Ai está a crua realidade que muitas vezes é esquecida pela mídia, nós vivemos o caos da desigualdade social, do preconceito e da opressão, mas é muito mais fácil atribuir esses problemas a países distantes, para nos dar a pseudo-impressão de que mantemos uma distância surreal desses fatos.

E é cômodo pensar assim, porque a solução dessas questões pode ser atribuída à ONU e assim, a engrenagem continua a funcionar perfeitamente. Afinal, é mais simples fechar os olhos e fingir que nada está acontecendo do que encarar o fato de que “o rico cada vez fica mais rico, e o pobre cada vez fica mais pobre” e que por traz disso vem outra série de questões referentes ao fortalecimento do poder das minorias burguesas.

O certo é que “desde que o mundo é mundo” a aristocracia sempre se portou como a dona do pedaço e as maiorias (plebe, povo) sempre permaneceram silenciosas. Mas, sabemos que quando o povo se junta por um ideal ninguém segura, um exemplo foi a revolução das Diretas Já que no inicio da década de 90, provocou o impeachment do, então Presidente da República, Fernando Collor de Melo.

Desse modo, frases como “o povo unido jamais será vencido” e “a união faz a força” são claramente ratificadas. Não quero ser demagógica, mas penso que aquele papo de “cada um faz a sua parte” se não surte efeito, pelo menos incita nas pessoas o desejo de fazer mudança e de tentar amenizar essa delicada situação.

Por Elka Macedo

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