quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Se somos Mídia, precisamos discutir a Mídia.

Não é novidade ver e ouvir os absurdos que os grandes meios de comunicação do país veiculam sobre os Movimentos Sociais. Só nesse início de ano já foi possível perceber o quanto a sociedade civil, organizada e articulada em rede, precisa se movimentar muito mais pra mudar essa atual conjuntura da comunicação no Brasil. Vou citar aqui apenas três coisas que acredito servirem para nos deixar com mais vontade ainda de continuar (e fortalecer) a luta.

A revista Veja (Edição de 28 de janeiro de 2009) trouxe um editorial com o título “25 anos de crime e impunidade”. Referindo-se ao MST, o texto diz que “eles se abrigam sob a bandeira de uma organização política com o nome de Movimento dos Sem-Terra... eles se disfarçam de defensores da reforma agrária... as ações criminosas dessa força do atraso no campo não conseguiram fazer grandes estragos no exuberante desempenho do agronegócio brasileiro”. Encerra-se o editorial com a afirmação de que “É do maior interesse de todos os brasileiros que a ousadia e a impunidade do movimento dos Sem-Terra tenham um fim imediato”. Traz também uma foto de manifestantes com bandeira, foice e facão e uma legenda que começa com a expressão “Terror rural”. Lá pelo meio da revista, cinco páginas, com o título principal “O manual da Guerrilha”, só reforçam nossa indignação diante da postura desse meio de comunicação e da atuação das/dos profissionais que atuam no mesmo.

Ainda na mesma edição, inclusive como capa, o Aborto (e não a legalização ou não do mesmo) é colocado em destaque. São 10 páginas destinadas ao assunto, numa reportagem que ouve médicos - que assumem realizar o aborto em suas pacientes - e mulheres - que já praticaram e hoje se arrependem ou discordam da prática. Dentre essas mulheres, aparece a modelo e atriz Luiza Brunet (ocupando mais da metade de uma página) que abortou aos 17 anos e agora afirma ser contra o aborto. Em nenhum momento, o texto fala das questões de saúde pública que estão por trás dessa discussão, muito menos das diferenças (classe, etnia, etc) que devem ser evidenciadas na apresentação dos dados estatísticos que tratam do aborto no país.

Outra que também andou causando revolta foi a revista Época (Edição de 02 de fevereiro de 2009). Depois de apresentar uma reportagem de cerca de 5 páginas sobre o Fórum Econômico que aconteceu em Davos/Suíca, traz uma matéria (?) sobre o Fórum Social Mundial, ocorrido em Belém/PA. O título: “Enquanto isso, na quente Belém...” antecede um subtítulo que já é o começo de uma crítica ao Governo Federal que fez investimentos no Fórum e em especial ao presidente Lula, que participou do mesmo ao lado de outros presidentes da América Latina . A cada linha identifica-se a clara intenção de descaracterizar o caráter e a finalidade do Fórum Social. Trechos como “De ONG´s as mais variadas (incluindo uma união de prostitutas indianas, por exemplo)... todos festejaram os efeitos da crise econômica mundial” e “a temporada da turma no spa ideológico” são apenas alguns entre tantos absurdos que podem ser destacados no texto.

No dia 19 de fevereiro, a Rede Globo de Televisão, veiculou no Jornal Hoje uma reportagem que, certamente, serviu pra encorajar ainda mais aquelas e aqueles que defendem e constroem a comunicação comunitária nesse país. Vítimas constantes da repressão do Estado, as Rádios Comunitárias foram, mais uma vez, tratadas como “Rádios piratas que interferem na comunicação de aviões”. Só pelo tom de voz e a expressão facial da apresentadora Sandra Annemberg ao ler a “cabeça” da reportagem de César Galvão, já dá vontade de está do lado de milhares de telespectadores pra dizer: Não é bem assim, isso é mais uma forma de criminalizar os veículos comunitários. Porém, neste caso, a reportagem chama atenção para a mais séria das questões que envolvem a realidade das rádios comunitárias hoje no Brasil: o uso que é feito das mesmas. As gravações de trechos da programação das rádios, exibidas pelo Jornal Hoje, reforçam o quanto é preocupante a grade de programação desses veículos. Mesmo considerando a intenção da TV Globo em construir a pior imagem das RadCom´s e as possibilidades dos recursos jornalísticos utilizados pra isso, não se pode deixar de pontuar esse problema que sabemos existir.

E é nisso, portanto, que podemos interferir. Se nós, cidadãos e cidadãs comprometidos/as com a transformação social, não tomarmos consciência de que é preciso atuar constantemente contra essa mídia, ela irá se apropriar, cada vez mais, das milhares de consciências espalhadas pelo campo e pelas cidades do Brasil.

É preciso estarmos presentes nas salas de aula, como estudantes ou como professores, na defesa de uma qualidade educacional, de uma formação crítica e ética, comprometida com a função social que cada profissão ocupa no processo de mudança de uma sociedade até então desigual. É imprescindível também iniciar a discussão da Democratização da Comunicação nas escolas, comunidades e nos Movimentos Populares diversos. Além disso, é mais do que urgente pautar essa discussão onde já existam iniciativas de comunicação alternativa e popular, uma vez que a prática nem sempre condiz com o verdadeiro propósito da comunicação comunitária.

Por meio da educomunicação e da leitura crítica dos instrumentos midiáticos, é possível sim combater as opressões citadas ao longo desse texto e tantas outras existentes na sociedade em que vivemos. Assim, estaremos em conflito com o capital e com grandes chances de vencê-lo.


Por Érica Daiane

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sujeitos Robôs

Comumente as pessoas realizam um mesmo trajeto para se dirigir ao trabalho, à escola ou ao lar, entretanto, muitos detalhes passam despercebidos aos olhos, porque a tendência é que se ande sem atentar para os cenários.

É aquele velho ato do “ver, mas não enxergar”, isto é, de não perceber nos rumos cotidianos, a beleza de um jardim, o desabrochar de uma flor, o sussurrar da brisa ou até mesmo o sorriso do vizinho ao desejar um bom dia.

O certo é que não podemos nos culpar por sermos “sujeitos da modernidade”, seres que nunca têm tempo, porque a rapidez com que tudo acontece não nos dá tempo de refletir. E essa falta de reflexão nos prende num mundo “ostra”, onde o coração congela e os sentidos endurecem.

Pobres homens máquinas é o que somos! Seres que pensam, se comunicam e vivem de palavras, mas não sabem descrever a beleza dos momentos porque não vivem os vocábulos, apenas os utilizam para montar pseudodiscursos. Existem apenas como corpos que ocupam lugar no espaço e mais nada.

Ah! Se pudéssemos parar o tempo para experimentar a vida, experimentar as experiências, sentir, amar, sorrir. Mas, não sorrir da tragicomédia cotidiana e sim do barulho que faz o silêncio quando estamos de bem com nós mesmos.

A esse ato de viver o simplório, a escritora Adélia Prado chama de Experiência Natural Poética, isto é, o modo de enxergar nos detalhes a beleza da existência, é o ofertar sem interesse, é a percepção da felicidade esboçada no sorriso do irmão.

Hoje em dia, pode parecer utópico relatar essas coisas, o fato é que jamais veremos o rosto da felicidade se por um momento não tirarmos a máscara da nossa alma robótica para adquirirmos o conhecimento e o júbilo da experiência.


Por Elka Macedo

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


Para quem não foi ao COBRECOS e ainda não conhece as bandeiras de luta da ENECOS, leia os cadernos de Posicionamentos Políticos da Executiva.
Você poder ter acesso ao material digitalizado ou impresso através do C.A. Para quem ainda não recebeu por e-mail, pode solicitar a: alemdosmuros@hotmail.com. Junto está também o Caderno das Ações para o ano de 2009, ambos foram aprovados durante o Congresso Brasileiro - de 11 a 18 de janeiro/09 em salvador/BA.

CACoS participa de Projeto Social no Bairro São Geraldo

Foto: Érica Daiane
Na noite deste sábado (14), a praça do bairro São Geraldo, em Juazeiro, foi sede do lançamento do Projeto "Tenho mais o que fazer". Uma iniciativa do Instituto de Desenvolvimento Social e Ambiental da Bahia (IDESAB), o projeto irá oferecer oficinas para jovens, numa faixa etária de 13 a 18 anos, que residem nos bairros São Geraldo e Jardim Universitário.
De acordo com os idealizadores do projeto, a idéia central é trabalhar com a juventude do bairro na perspectiva da formação humana, contribuindo com a construção de uma consciência crítica e cidadã através de oficinas artísticas-culturais como teatro, música, dança, literatura de cordel, entre outras.
Entre as atividades do “Tenho mais o que fazer” está a criação de um cineclube, que deverá exibir os filmes uma vez por mês e promover debates após a exibição. Esta atividade também será coordenada pelos jovens do projeto.

Onde entram as/os estudantes de Comunicação

O IDESAB, considerando a articulação que o Movimento Estudantil de Comunicação do DCH tem feito com os diversos grupos sociais de Juazeiro e a necessidade da parceria Universidade/Comunidade, convidou o Centro Acadêmico a participar deste projeto.
O CACoS ficou responsável por indicar dois estudantes para integrar o Comitê Gestor do “Tenho mais o que fazer”. Esse comitê será formado também pela associação de moradores do bairro e por instituições parceiras e cada membro terá o papel fundamental de propor ações, bem como fiscalizar e avaliar o desenvolvimento das etapas do projeto. João Paulo Cerqueira e Edilane Ferreira, 7º e 1º período respectivamente, são membros do Comitê que representam @s estudantes de Comunicação Social – Jornalismo em multimeios do DCH III.
Há ainda a possibilidade de ser ofertadas aos jovens oficinas de Leitura Crítica da Mídia, que, se confirmadas, serão ministradas por estudantes do curso de Comunicação Social. Além disso, o C.A assume o compromisso de, junto com o IDESAB, contribuir com as discussões acerca da criação da rádio difusora, levando assim para a comunidade a importância da Comunicação Comunitária e da necessária e urgente Democratização da Comunicação.

O bairro que viu Juazeiro nascer

O Bairro São Geraldo, em Juazeiro, é um dos bairros mais antigos, pois foi onde foram construídas as primeiras casas da cidade. A população do São Geraldo tem aumentado devido, inclusive, à criação da Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco (FAMESF), atual Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e a instalação da empresa Curtume Campelo que também está situada no referido bairro.
Apesar disso, ainda é pouca (ou inexistente) a participação dessas instituições públicas e privadas no desenvolvimento social e econômico do São Geraldo. Nesse contexto, observa-se a ociosidade de crianças, jovens e adolescentes, um problema que pode ser um agravante para o aumento da violência na cidade.
Identificou-se que, no horário oposto ao da aula, as/os adolescentes limitam-se a freqüentarem lan house, assistirem TV ou realizarem outras atividades que, por não serem acompanhadas, pouco ou nada contribuem com a formação social dos mesmos.
Percebe-se, portanto, a importância de valorizar as diversas possibilidades da Universidade intervir nessa realidade, tanto pela proximidade geográfica, uma vez que o Campus III da UNEB está situada no bairro e pouco tem contribuído com seu desenvolvimento, quanto pela função social que esta deve desempenhar na sociedade.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Escreva também.

Pessoal,

A segunda edição do "EUREKA!" vai sair esse mês. Na última reunião com representações dos quatro cursos do campus, definimos a pauta. Reservaremos, a partir desta edição, um espaço para que qualquer estudante do Campus III possa expressar-se através de suas poesias, crônicas, músicas, charges ou outas linguagens.

Então... mãos à caneta, ao lápis ou ao teclado do computador...
Enfim... produzam! Ao final da produção, assine e envie para o C.A ou D.A do seu curso.

Movimento Estudantil do Campus III - UNEB

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Ministro confirma realização da 1ª Conferência de Comunicação

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, confirmou a realização da primeira Conferência Nacional de Comunicação, ainda neste ano. O assunto foi tema de reunião com o presidente Luis Inácio Lula da Silva, no último dia 26.
A data para realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicações, cobrada por diversos setores da sociedade desde 2007, será definida em reunião, no Palácio do Planalto, na próxima terça-feira (3).
A reunião técnica prevista para o dia 3 será coordenada pelo ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) e deverá definir ainda os pontos para operacionalização da conferência, que terá como principais temas a democratização da comunicação e políticas públicas para o setor. Representantes do Minicom e da Casa Civil também devem participar.
A 1ª Conferência Nacional de Comunicações debaterá os rumos da uma nova legislação do setor, sobretudo um novo código para a radiodifusão, já que o atual data de 1962 e está completamente defasado frente as novas tecnologias, como avaliam empresários e técnicos do setor.
No orçamento da união de 2009 estão previstos R$ 8,2 milhões para apoio à realização de conferências estaduais e nacional de Comunicação. A emenda foi apresentada pela Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.

Matéria retirada do site: www.proconferencia.com.br