quarta-feira, 10 de setembro de 2008

7 de setembro : Gritos de indignação

Lá se foi mais um 7 de setembro. E, novamente, a sociedade brasileira se organizou e demonstrou que não basta entoar o hino nacional e assistir aos desfiles cívico-militares para “comemorar” a independência tupiniquim e demonstrar patriotismo.

Como ecoar gritos de independência e soberania se continuamos presos às amarras do capitalismo internacional? Como festejar alguma coisa num país onde o governo se pauta pelo agronegócio e pela relação promíscua com as multinacionais?, perguntam movimentos populares, pastorais sociais e organizações comunitárias.

O povo brasileiro disse um não! Não a esse modelo político e econômico neoliberal. Com o lema “Vida em primeiro lugar, direitos e participação popular”, milhares de pessoas em todo o território brasileiro construíram a 14ª edição do Grito dos Excluídos.

Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos constitui-se numa ampla mobilização baseada em três eixos: denunciar o modelo que concentra riqueza e renda, condenando milhões de pessoas à exclusão social; tornar público nas ruas a imagem dos grupos historicamente excluídos; e propor caminhos alternativos ao modelo neoliberal, desenvolvendo uma política de inclusão social e participação popular.

O preço da energia elétrica e dos alimentos, a criminalização dos movimentos sociais, a marginalização da pobreza e da fome, e a defesa dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos foram molas que impulsionaram marchas, audiências e atos públicos em 25 estados brasileiros, além do Distrito Federal.

Em Pernambuco, a Polícia Militar tentou barrar as manifestações, reprimindo de forma violenta os participantes. Somente após três horas de intervenção policial, a população iniciou as manifestações. Em Salvador, o Grito reuniu cerca de 10 mil pessoas. Em Manaus, uma caminhada no centro da cidade mobilizou duas mil pessoas em defesa dos direitos sociais.

No dia oficial da independência, o povo brasileiro, contrariando o discurso midiático de que vivemos em uma sociedade acomodada, mostrou que ainda há muitos braços e gritos indignados na luta por independência e pela construção de um projeto popular para o país.

Paulo Victor Melo
Estudante de Comunicação Social da UNEB – Campus III

2 comentários:

Unknown disse...

É bom saber que existem vozes que gritam por liberdade e braços que lutam por justiça.
Sinto por nós não termos ido às ruas de nossa cidade, chamar a atenção da sociedade para as tantas opressões que permeiam o nosso meio.

Paulo Melo disse...

Elka, em Juazeiro não aconteceram manifestações por opção das entidades organizadoras, devido a um histórico de apropriação do espaço por candidatos políticos. Nada contra a participação dos políticos nesse evento, mas eles, infelizmente, o tem utilizado como palanque eleitoral e como termômetro de popularidade. E isso descaracteriza o foco do Grito dos Excluídos.
abraços, Paulo Victor.