quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sujeitos Robôs

Comumente as pessoas realizam um mesmo trajeto para se dirigir ao trabalho, à escola ou ao lar, entretanto, muitos detalhes passam despercebidos aos olhos, porque a tendência é que se ande sem atentar para os cenários.

É aquele velho ato do “ver, mas não enxergar”, isto é, de não perceber nos rumos cotidianos, a beleza de um jardim, o desabrochar de uma flor, o sussurrar da brisa ou até mesmo o sorriso do vizinho ao desejar um bom dia.

O certo é que não podemos nos culpar por sermos “sujeitos da modernidade”, seres que nunca têm tempo, porque a rapidez com que tudo acontece não nos dá tempo de refletir. E essa falta de reflexão nos prende num mundo “ostra”, onde o coração congela e os sentidos endurecem.

Pobres homens máquinas é o que somos! Seres que pensam, se comunicam e vivem de palavras, mas não sabem descrever a beleza dos momentos porque não vivem os vocábulos, apenas os utilizam para montar pseudodiscursos. Existem apenas como corpos que ocupam lugar no espaço e mais nada.

Ah! Se pudéssemos parar o tempo para experimentar a vida, experimentar as experiências, sentir, amar, sorrir. Mas, não sorrir da tragicomédia cotidiana e sim do barulho que faz o silêncio quando estamos de bem com nós mesmos.

A esse ato de viver o simplório, a escritora Adélia Prado chama de Experiência Natural Poética, isto é, o modo de enxergar nos detalhes a beleza da existência, é o ofertar sem interesse, é a percepção da felicidade esboçada no sorriso do irmão.

Hoje em dia, pode parecer utópico relatar essas coisas, o fato é que jamais veremos o rosto da felicidade se por um momento não tirarmos a máscara da nossa alma robótica para adquirirmos o conhecimento e o júbilo da experiência.


Por Elka Macedo

Um comentário:

Anônimo disse...

Sujeitos?