segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

E o Natal, o que é?

Por Érica Daiane


Se for feita uma enquete para saber por que as pessoas comemoram o natal, certamente, as respostas serão semelhantes; os/as entrevistados/as dirão que festejam o nascimento de Cristo. Mas, será que é isso que vem perpassando as práticas cristãs nos últimos tempos?

O natal, assim como a páscoa, o dia das mães e dos pais, o dia da criança, tornaram-se mais uma vítima do capitalismo. As tradições, o sentido humano-espiritual que acompanhavam essas datas “especiais” se perdem agora em meio às imposições do consumismo, às demandas que surgem como indispensáveis na sociedade da sensação.

A super exploração da figura do “bom velhinho” faz da festa natalina um grande momento de promoção do mercado dos diversos tipos de presentes, e só. O velho barrigudo, de barba, cabelo e bigode grandes e brancos traz um saco às costas carregado de alegrias, sobretudo para as crianças. Essa é a justificativa para tanta atenção à figura mitológica do papai Noel. O presente desejado o ano todo, pode chegar na noite de natal! E aquela foto tirada no colo do velho vestido com cores vermelha e branca, ficará como registro de uma infância feliz.

Com essa mesma necessidade de fazer alguém feliz, ao menos por um dia, várias entidades e organizações, famílias, empresas grandes e pequenas se articulam para arrecadar alimentos, roupas, brinquedos, livros a serem doados no dia de natal às pessoas carentes de tais bens materiais.

A iniciativa é louvável, mas é pontual. E os outros 364 dias do ano? Qual a participação da sociedade no incentivo a implantação de políticas públicas que garantam o alimento, o conforto, a educação e o lazer dessas famílias?

Será que o espírito do Natal só se faz presente no coração dos seres humanos no dia 25 de dezembro? Ou o Natal é apenas mais uma forma de fortalecer a política do assistencialismo, o capitalismo e ainda um falso altruísmo?
O menino, o qual ainda acreditamos festejar seu nascimento, nasceu em uma manjedoura e pregou a paz, a humildade e a igualdade entre os povos. Isso sim seria o bastante!

2 comentários:

Anônimo disse...

Escrevi esse texto no Natal de 2007.

Anônimo disse...

é Érica, escrito no último ou penúltimo natal, as reflexões de seu texto são extremamente atuais...

serve até como um toque às camapanhas de distribuição de brinquedos, tipo "natal sem fome dos sonhos". em minha infância, eu me sentia muito mais à vontade para sonhar brincando na rua do que defronte a um brinquedo. por certo que Cardeal é uma cidade tranquila, sem movimento. portanto, a rua e os campinhos sempre foram palcos de brincadeiras. a questão que eu quero colocar é: será que, para saciar a fome de sonhos das crianças juazeirenses, não seria mais interessante fazer uma campanha pela construção de parques na cidade?

eu costumo dizer que em juazeiro é difícil ser criança. a cidade praticamente não tem calçada, nem descampados (pelo menos nas áreas em que vivo). as crianças jogam futebol, baleado etc. no meio da rua, tendo de interromper o tempo todo para uma moto ou carro passar. já vi uma menina ser atropelada por um carro defronte à casa em que eu morava, na rua henrique rocha.

além disto, seria o caso de se pensar até que ponto a entrega de presentes do natal não reforça ainda mais a capitalização das datas festivas, trazendo inclusive consequências psicológicas extremamente desagradáveis.

bem... são apenas outras reflexões, que até poderiam se tornar temas de futuras pesquisas.

ps: o que eu mais admiro no natal é a palavra nascimento. por isso, desejo a tod@s muitos nascimentos em 2009...

abraços, luís osete...